domingo, 16 de novembro de 2008

CENTRO CULTURAL CARTOLA

O Centro Cultural Cartola foi idealizado por Nilcemar Nogueira e seu irmão Pedro Paulo Nogueira, netos de Cartola. Preocupados com as mudanças na simbologia e na prática do samba, provocados pelo crescimento e a difusão do ritmo, Nilcemar e Pedro decidiram criar um espaço onde pudessem ser preservadas a cultura e a memória de nomes importantes da Mangueira, a exemplo do grande Cartola e de seu parceiro Carlos Cachaça.

Assim, em 2001, é fundado o Centro Cultural Cartola, formado por sambistas, mangueirenses, familiares e amigos de Cartola. Inicialmente, o grupo se reunia em uma sala cedida pela FAETEC (Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro), unidade Mangueira, também utilizada para guardar o acervo levantado. Em 2003, Francisco Weffort, ministro da Cultura, doou um prédio para abrigar o Centro Cultural Cartola. Situado próximo à quadra da Mangueira, o prédio tem uma área de sete mil metros quadrados.

A fim de aproveitar melhor o novo espaço, o Centro ampliou também os seus objetivos. A partir desse momento, passou a funcionar como uma área de pesquisa do samba carioca. Uma equipe de pesquisadores decidiu, então, elaborar um plano para salvaguardar as diretrizes do samba. O dossiê contém normas a serem adotadas tanto pelo poder público quanto pela sociedade civil, para que particularidades e expressões do samba não sejam perdidas.

Os projetos, contudo, não pararam por aí: foi desenvolvida uma oficina de arte e educação, com o intuito de resgatar as referências perdidas na comunidade da Mangueira. “Há dois anos, você podia perguntar para qualquer menino e adolescente, que eles não saberiam dizer quem é Cartola. E a gente considerava isso muito grave, pois se você não tiver noção da sua identidade, da sua referência histórica, você não sai fortalecido, principalmente numa sociedade onde o preconceito é velado. Então, você precisa ter esse referencial, pois ele te dá uma dimensão de qual é o teu papel na construção dessa cultura brasileira”, disse Nilcemar Nogueira.

Por meio do Programa Ponto de Cultura, desenvolvido pelo Ministério da Cultura em parceria com a sociedade civil, começou a funcionar no Centro Cultural Cartola a primeira oficina de poesia, coordenada pelo poeta Geraldino Carneiro. A oficina durou três anos, entre 2002 e 2004. No final de 2004, o Centro passou a realizar atividades de educação física, além de formar uma orquestra de violinos.

Hoje, o Centro Cultural Cartola atende uma média de 400 pessoas por mês. Entre os projetos desenvolvidos estão: oficinas de música para adultos e crianças; oficinas de dança de jazz, samba, capoeira e dança de salão; e oficinas de artes plásticas de pintura e arte dramática. Além disso, há uma sala de exposição permanente do acervo Cartola, auditório para palestras, sala de cinema e vídeos, biblioteca, sala de leitura e bar.

“A missão do Centro Cultural Cartola está muito maior do que o que planejávamos no começo. E a gente tem procurado políticas públicas para que isso não se torne iniciativa de uma família, de uma comunidade isolada. Nosso desejo é que esse reconhecimento oficial seja efetivo, pois ainda há muito preconceito com o samba. Apesar de manifestações em todo país, o centenário do Cartola foi um esforço unilateral do CCC. Isso mostra que ainda temos muito que caminhar, muita coisa para mudar”, afirmou Nilcemar Nogueira.

Para quem quiser conhecer melhor, o site oficial do Centro Cultural Cartola está aqui.

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